O Acompanhamento Terapêutico e o vínculo através do brincar

Resumo: objetiva-se descrever e discutir a formação do vínculo terapêutico na prática de um acompanhante terapêutico e uma criança, de nove anos de idade que apresenta dificuldades escolares e emocionais bastante significativas. O artigo fala sobre o papel que o acompanhante terapêutico assume na relação de construção de vínculo com seu paciente, através do brincar. O trabalho apoiasse em autores e textos de orientação psicanalítica, discutindo e analisando o material clínico proveniente da história de vida deste paciente, e de meu trabalho feito como at. Foram realizados 12 encontros, sendo duas vezes por semana. A prática foi realizada na clínica, na qual o paciente faz ambientoterapia, contudo alguns encontros foram realizados na casa do paciente e na rua. São comentados alguns aspectos que foram fundamentais para a formação do vínculo, a saber: as funções e objetivos deste tratamento, o trabalho e o brinquedo na construção do vínculo afetivo, o brincar e a realidade nos seus primórdios de desenvolvimento e o processo de discriminação eu/não-eu.

Palavras-chave: Acompanhamento Terapêutico, psicanálise, Winnicott, brincar.

Acompanhamento Terapêutico (AT)

O Acompanhamento Terapêutico e o vínculo através do brincar

INTRODUÇÃO

Neste artigo, objetiva-se relatar e discutir sobre: o papel do acompanhante terapêutico na prática do at com o paciente, e como esta é facilitada através do ato de brincar.

Será abordado as funções do Acompanhamento Terapêutico em relação aos objetivos desta modalidade de tratamento, que centram-se na potencialização das possibilidades discursivas e criativas, juntamente com construção do vínculo terapêutico, que ocorre ao decorrer dos encontros e auxilia o paciente, ajudando-o a resignificar e elaborar diferentes questões.

Têm como propósito juntamente, apresentar a concepção de mundo interno, elaborada por Winnicott, sistematizar suas contribuições no que concerne à constituição do brincar como uma terapia, na qual a criança traz para o exterior aspectos subjetivos e passa a entrar em contato com sua criatividade, descobrindo o seu eu.

O ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO

O Acompanhamento Terapêutico exige o manejo de algumas questões técnicas, como a composição e funcionamento da equipe, horários e relacionamento com os demais profissionais envolvidos, bem como com a família. Os objetivos dessa modalidade de tratamento centram-se na potencialização das possibilidades discursivas e criativas e na reconstrução dos vínculos sociais desses sujeitos. Isto se faz à medida que o acompanhante sustenta seu trabalho em acordos verbais, contratos terapêuticos e atividades em que comparece como mediador entre esses sujeitos e a realidade socialmente construída (A rua como espaço clínico, AT. Equipe a casa, 1991).

Há influência nas ações entre o acompanhante terapêutico e seu paciente. O at facilita a construção das potencialidades vitais de seu paciente, na medida que lhe dá um referencial corporal e uma tranqüilidade para a ação.

O at ajuda o paciente na articulação social, na prevalência da ação e do fazer uma atividade no social, e construir um novo significado no seu psiquismo.

A atividade terapêutica consiste em concertar “coisas quebradas” que nos atingem com sua dureza inanimada. É uma via para apoderar-nos da noção que podemos mudá-las, principalmente quando quebradas, e colocá-las de novo servindo-nos em suas funções.

O at revigora o fluxo da vida de seu paciente, que facilita na construção do vínculo, funcionando como um ego auxiliar e ajudando seu paciente a receber, identificar e responder aos vários estímulos que lhe apresentam, em um clima de segurança e incentivo para abertura a novas vivências. Proceder como um ego auxiliar significa funcionar como ponte entre o mundo interno e externo e vice-versa. É um interprete ativo, diretamente operacional, pois atua no mundo real, concreto e cotidiano do paciente. Ele é também um ego auxiliar na medida em exerce um papel de investigador social, pois está no locus do paciente funcionando este locus como um contexto terapêutico ampliado. (A rua como espaço clínico, AT. Equipe a casa, 1991).

Segundo Mauer & Resnizky (1987) o acompanhante terapêutico deve saber conter o paciente (receber, pensar sobre e devolver para ele, a fim de ampliar as questões de sua qualidade de vida). Deve se oferecer como modelo de identificação, emprestando seu ego e estar atento a perceber o paciente para poder reforçá-lo, desenvolvendo sua capacidade criativa. O at atua como agente ressosiabilizador e catalizador das relações familiares.

Para Eggers (1991) o at deve estar próximo do paciente, isto facilita no vínculo e na diminuição sentimento de solidão. Ele ajuda e auxilia o paciente a organizar o pensamento e planejar tarefas, estruturando seus hábitos e reorganizando condutas de formas mais adaptativas.

O at auxilia nas decisões, desenvolvendo escuta e potencial para ajudar o paciente neste processo. Ele serve de estímulo para seu paciente e o ajuda no working throught (finalizando atividades e trabalhos). Age também como superego.

WINNICOTT – O TRABALHO E O BRINQUEDO

Winnicott (1993) acredita que a vida sem criatividade não é autêntica. Ele refere-se á capacidade que as pessoas possuem de experimentar o mundo. No trabalho com crianças, estas precisam de tentativas e erros e sentir que os erros serão considerados tanto quando os sucessos. Concomitante a isso, um paciente em um ambiente terapêutico saudável, deverá sentir-se livre para errar e possivelmente para desagradar o terapeuta.

Winnicott (1993) fala do brinquedo, paradoxo e ilusão. O objeto transicional trata-se do espaço intermediário mental da imaginação e do mundo simbólico, que define tanto o ser humano. Para ele, a vida bem sucedida “dá-se” entre a realidade e a fantasia, no mundo ilusório. Winnicott utilizou-se da palavra “ilusão” em uma acepção diversa da que vinha sendo utilizada pela psicologia acadêmica tradicional, onde ela se referia a uma falsa percepção, baseada em uma experiência interna, projetada sobre um núcleo de realidade. No que diz respeito à palavra “ilusão”, ela se origina do latim, “ludere” que significa “brincar”. Se nenhum de nós fosse capaz de ter a ilusão de que tudo esteja bem, de brincar com os sentimentos e as ações como se o mundo e nós pudéssemos existir para sempre, como se nós e aqueles a quem amamos jamais viessem a se transformar em pó, seria difícil prosseguir, e os circuitos repercurssores da angústia existencial tranforma-nos-iam a todos em criaturas a gritar em uma ponte de Munch. O homem precisa brincar. Parece existir uma capacidade evolutiva, adaptativa e inata para brincar, algo que alguns ousaram chamar de instinto de brincar.

O brincar winniottiano se refere a um brincar desenvovimentalista. Brincar durante a infância e através do ciclo da vida prepara-nos para o que ás vezes é sério, ajuda a definir e redefinir os limites entre nós e os outros, e auxilia na obtenção de um senso de nossa própria identidade pessoal e corporal. O brincar oferece uma base de tentativas para seguirmos adiante, e estimula a satisfação dos impulsos. Judoth Kestenberg (1971) salienta que enquanto o pequeno está se alimentando no peito, ou com a mamadeira, suas mãozinhas brincam com as roupas da mãe, esfregando-as ou dando tapinhas, tocando-as ou deixando-as cair. Trata-se do primeiro exemplo de brincar por brincar, e, conforme Kestenberg, o brincar é um complemento à satisfação dos impulsos. Este papel complementar prossegue até mais adiante, quando o brincar adquire autonomia.

Winnicott (1993) fala da importância do “brincar pelo brincar” para um desenvolvimento saudável. Através do brincar a criança consegue associar livremente e a comunicação torna-se livre, além disso, Winnicott fala da importância da cura pela fala, na qual muitas vezes, o paciente expressa seus sentimentos, falando através do brinquedo.

Para Melanie Klein (1991) a utilização do brinquedo na terapia infantil, o brinquedo é usado como um substituto á livre associação dos adultos, este foi visto como um meio de se descobrir os derivativos do simbolismo inconsciente.

Para Winnicott quando o desenvolvimento era ainda possível, o brincar consistia em uma terapia em si. Pode-se dizer que o seu brincar localizava-se em algum lugar entre o ser e o fazer, entre o significado e o desenvolvimento, e com certeza, entre a realidade e a fantasia. Quando a terapia está funcionando favoravelmente, esses “entres” tornam-se indistintos, e o partilhar do significado ou do aspecto interpretativo da terapia, e a representação de um parceiro de desenvolvimento , tornam-se inseparáveis. Através do uso do brinquedo, como uma estrutura tão central em suas contribuições teóricas e técnicas, Winnicott (1993) começou a questionar a importância de correlacionar desenvolvimento e insight, em contraste com a ênfase da psicanálise mais tradicional sobre a combinação de insight e afeto. Está implícito que o brinquedo deve possuir seu lado afetivo para que seja brinquedo.

Naturalmente que esse uso do brinquedo como terapia está diretamente envolvido na maneira de Winnicott fazer terapia. O brinquedo ajuda a simbolizar e fazer com que surja sentimento juntamente com insight. Brincar faz parte da possibilidade de um viver criativo, conseqüentemente necessário para viver e para terapia. O trabalho mais livre, mais aberto, torna-se mais criativo, o que facilita em todo o processo de cura.

WINNICOTT – O BRINCAR E A REALIDADE

Nos primórdios do desenvolvimento emocional, Winnicott (1945/1978) enfatiza que no princípio o bebê não constitui uma unidade em si mesmo. A unidade corresponde a uma organização entre o indivíduo e o meio ambiente. A base da saúde mental é estabelecida nos primórdios da infância pelo provimento de cuidados dispensados à criança por uma mãe suficientemente boa. O bebê depende da disponibilidade de um adulto genuinamente preocupado com os seus cuidados, isto é, que possa contribuir para uma adaptação ativa e sensível às necessidades da criança, que a princípio são absolutas. Portanto, a psique só pode ter origem dentro de um determinado enquadre, dentro do qual a criança pode gradualmente vir a criar um meio ambiente pessoal, que a capacitará, mais tarde, a se desembaraçar do mesmo. Para superar esse estado inicial de dependência e atingir a independência, o meio ambiente criado e subjetivado pela criança transforma-se em algo suficientemente semelhante ao ambiente percebido. Essa é uma etapa especialmente delicada do desenvolvimento e de seu sucesso depende o estabelecimento da saúde ou da psicose.

Para explicitar melhor o papel da brincadeira nas primeiras relações da criança com o mundo externo, com a mãe e consigo mesmo, Winnicott (1975) formulou uma teoria da brincadeira. Segundo essa teoria, nos primórdios do desenvolvimento, o bebê sente como se ele e o objeto fossem um só; “a visão que o bebê tem do objeto é subjetiva e a mãe se orienta no sentido de tornar concreto aquilo que o bebê está pronto a encontrar” (WINNICOTT, 1975, p.70). O bebê tende a negar o que está percebendo e cabe à mãe aceitar essa negação e demonstrar essa realidade para a criança de uma forma que ela possa aceitá-la. Quando a mãe consegue realizar bem o papel de mediar o contato do bebê com a realidade, ele tenta fazer coisas nessa realidade a fim de controlá-la.

Em primeiro lugar, naturalmente, é a mãe quem brinca com o bebê, mas com cuidado suficiente para ajustar-se às suas atividades lúdicas. Mais cedo ou mais tarde, entretanto, ela introduz seu próprio brincar e descobre como é variada a capacidade dos bebês de aceitar, ou não, a introdução de idéias que não lhes são próprias. (WINNICOTT, 1975, p.71).

Dessa maneira, está preparado o caminho para um brincar conjunto em um relacionamento “(WINNICOTT, 1975, p.72). Ao tentar explorar a realidade, a criança traz para o exterior aspectos subjetivos e passa a entrar em contato com sua criatividade. Winnicott (1975,p.72) afirma que “é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu”. Além disso, o brincar é o ponto de partida para as mais elevadas experiências culturais, ou seja, as atitudes que os indivíduos têm no meio social quando adultos dizem respeito a um brincar mais sofisticado e pode ser visualizado, por exemplo, no modo de falar e de agir. A contribuição do que é subjetivo no indivíduo e essencial para o brincar.

A diferenciação eu/não-eu na visão de diferentes autores

Segundo Melanie Klein (1955/1991b) as relações de objeto iniciam-se quase no nascimento e surgem com a primeira experiência de alimentação. E, além disso, todos os aspectos da vida mental estão intimamente ligados a relações de objeto.

Klein (1952/1991a) escreve que os processos primários de projeção e introjeção, por serem inextricavelmente ligados com as emoções e ansiedades do bebê, iniciam as relações de objeto. Pela projeção, isto é, pela deflexão da libido e da agressão em direção ao seio da mãe, fica estabelecida a base para as relações de objeto. Pela introjeção do objeto, em primeiro lugar o seio, as relações com os objetos internos passam a existir.

Klein faz o uso do termo “relações de objetos” que se baseiam na sua asserção de que o bebê, desde o início da vida pós-natal, tem com a mãe uma relação imbuída dos elementos fundamentais de uma relação de objeto, isto é, amor, ódio, fantasias, ansiedades e defesas.

Durante a maior parte do primeiro ano de vida, o bebê ainda não é capaz de diferenciar eu/não-eu, mundo interno/mundo externo. A mãe e o corpo dela são inicialmente considerados pelo bebê como uma parte, uma extensão do seu próprio corpo (Winnicott, 1975).

Uma mãe suficientemente boa pode compreender as necessidades básicas do bebê, adaptando-se de modo gradativo à sua crescente capacidade em lidar com frustrações. À medida que o bebê vai tendo um desenvolvimento das funções perceptivas e da sua capacidade egóica, ele vai podendo distinguir entre fantasia e fato, entre objetos internos e objetos externos, desde o puramente subjetivo até a objetividade (Winnicott, 1975).

Todo ser humano tem uma tendência para a maturação, processo que é facilitado pelos cuidadores do bebê. Os processos de maturação fazem com que “a criança repudie o que é não-EU, vindo a constituir o EU” (Winnicott, 1988).

O vínculo inicial com a mãe (ou com a pessoa que assuma as funções maternas) influencia, basicamente, todos os outros relacionamentos, inclusive com o pai. Esse vínculo fundamenta a capacidade para formar toda ligação profunda e intensa com uma pessoa. Aliás, o pai (ou quem assume as funções paternas) também é importante nesse processo de diferenciação eu/não-eu, ao aparecer como uma terceira pessoa, distinta da mãe.

Ao discutirem as idéias de Bion (1966) sobre aspectos do relacionamento, Grinberg, Sor e Bianchedi (1973) comentam que a palavra vínculo descreve uma experiência emocional em que duas pessoas ou duas partes de uma mesma pessoa estão relacionadas uma com a outra. Amor, ódio e conhecimento são intrínsecos ao vínculo entre dois objetos, já que uma experiência emocional não pode ser concebida isoladamente de uma relação.

Zimerman (1999) introduz o vínculo do reconhecimento, que sempre está presente nas inter-relações pessoais. O reconhecimento alude a uma necessidade crucial de todo ser humano de sentir-se reconhecido e valorizado pelos demais, e de que ele realmente exista como individualidade.

Segundo Zimerman (1999), cabe ao analista a delicada tarefa de reconhecer e suplementar as eventuais falhas que, desde a infância, o paciente teve em sua ânsia de ser acolhido, contido, compreendido, e em ser reconhecido nas suas manifestações de ilusão onipotente, de amor e de agressividade. Esses aspectos são inerentes aos processos de diferenciação, separação e individuação.

DADOS CLÍNICOS

Caso Ilustrativo-Vinheta

Proponho-me iniciar por um exemplo clínico, do primeiro encontro de minha prática, como acompanhante terapêutico, com o paciente com nome fictício de Pedro, 9 anos de idade, filho adotivo, de uma família de nível socioeconômico alto. Foi-me passado que o paciente é muito agitado, possui falta de limites, têm dificuldades escolares e emocionais e ás vezes é agressivo, quando contrariado. Pedro, apesar de fazer ambientoterapia, até então não tinha desfrutado do trabalho de um acompanhante terapêutico. Posteriormente ao relato do primeiro encontro farei juntamente uma evolução clínica do caso.

Relato do Primeiro Encontro
(03/07/09)
Cheguei na clínica por volta das 14 horas. A terapeuta responsável por Pedro me levou até a sala onde ele estava acompanhado por dois estagiários de psicopatologia. Ela me apresentou então para ele, que logo que me viu e se escondeu embaixo da mesa e disse que “não queria”. Eu me sentei em uma das cadeiras que estavam ali, os estagiários estavam sentados também, ao redor da mesa, espiei embaixo da mesa Pedro sentado, e disse: – Oi tudo bem, eu sou a Vanessa. (Ele ficou me olhando fixamente por cerca de quase um minuto, muito seriamente. Fiquei preocupada que ele não me respondesse ou me ignorasse, mas para minha surpresa ele disse: -“Oi, tudo bem quer brincar comigo?”). Eu respondi: – “Quero sim”.

Então, a psicóloga responsável retirou-se da sala e os dois estagiários ali permaneceram. Na mesa havia uma casinha de bonecas e uma caixa com diversas bonequinhas e barbies, Pedro foi pegando os brinquedos e disse para estagiária: Ta, tu vai ser a minha irmã (segurando uma Barbie pequena), tu vai ser meu pai (disse para o estagiário) e tu vai ser minha mãe (disse para mim). Fiquei surpresa com a escolha, pois primeiramente não esperava que ele me incluísse na brincadeira tão rapidamente, me senti aceita no momento em que me deu a barbie na mão e se dirigiu a mim (boneca, como a mãe). Então começamos a brincadeira.

Pedro que ditava todas as regras da brincadeira tinha que ser como ele queria que fosse. Na brincadeira ele deu o nome para os personagens, disse q o nome da mãe era Duda e o da boneca dele era Regina (a filha).

“Regina morava com sua irmã mais velha, e seus pais moravam na casa ao lado, contudo os pais não conseguiam ver o que se passava na casa de suas filhas, pois Regina trancava todas as portas e janelas da casa e as cercava com papéis de cartazes. Os pais eram insistentes e tentavam agradar Regina para que ela abrisse a porta e deixassem-nos a visitar. Regina, cada vez que a mãe se aproximava da casa fazia latidos de cachorro brabo e bem alto, e a mãe respeitava o limite do portão, mas não desistia. Então a mãe decidiu ver se iria conseguir se aproximar da casa e falar com suas filhas, foi agradar o cachorro, chamado pelo nome de Dogdog. A mãe colocou a mão para dentro do muro da casa e disse:- Espero que Dogdog goste de mim: – Dogdog você está aí? O cachorro (representado também por Pedro na brincadeira), latiu para mãe, e depois começou a cheirá-la, a mãe fez carinho e o cachorro lambeu e pulou no colo dela, a mãe disse: -Ah, que bom que gostou de mim Dogdog, vou te preparar uma raçãozinha, que você vai adorar.

De vez em quando DogDog deixava os pais se aproximarem da casa, mas muitas vezes trancava todas as portas e portões e não deixava ninguém os ver”.

Pedro consegue expressar na brincadeira tudo que ele quer falar, achei fantástica a maneira como nos conhecemos e como se deu nosso primeiro encontro, pois foi através da fantasia e do mundo imaginário dos brinquedos que ele me deixou “entrar em cena” e me aproximar.

Na brincadeira ele também falou sobre questões que eu já conhecia em relação ao material que li sobre ele e ao que conversei com sua terapeuta.

Pedro fez os bonecos andarem de avião (algo que eu sei que ele adora) e fez o cachorro, ao qual ele mesmo escolheu o nome de Dogdog, ficar doente, precisando ir para o hospital, e ser cuidado pelos pais (achei interessante essa parte da brincadeira, pois primeiramente ele fez, Regina, a barbie que ele estava brincando, morrer, não queria mais brincar com ela, somente com o cachorro, e logo depois fez o cachorro adoecer, e disse que Dogdog tinha que ser internado, senão iria morrer).

Percebi que ele adora brincar, pois é uma maneira de demonstrar seus sentimentos, manifestar suas angústias e medos, e também vontades: de ser cuidado, ter carinho, e ser admirado. Winnicott (1993) relata em como é importante, “brincar por brincar” mas também como a brincadeira faz com que a criança libere seus sentimentos, associando livremente e comunicando-se através do ato de brincar. Foi o que aconteceu no nosso primeiro encontro, o vínculo foi se construindo gradativamente através de nossa comunicação, da troca de olhares, da fala dos personagens, entrando em um mundo de fantasias para construção de um mundo real.

Na brincadeira:

Dogdog era um cachorro que dava saltos gigantescos, sabia voar e era muito inteligente – palavras ditas e encenadas por Pedro, ao longo do encontro.

Contudo, mesmo Pedro se demonstrando muito espontâneo e agitado, ele tem um lado totalmente reservado, e isso se percebe quando ele tranca a porta da casa de bonecas e não deixa ninguém entrar.
“Às vezes a portinha se abria, e quando eu me aproximava, a portinha se fechava”. E Pedro mesmo disse: – Ela abre, mas ela fecha, não dá tempo de entrar “”.

Foi muito interessante a fala de Pedro, pois mostra a teoria na prática, através do ato livre do brincar. Essa fala dita por ele, significa muito mais do que do uma simples expressão, ela representa o início da construção da minha prática de at feita com ele.

Evolução Clínica

A partir dos encontros realizados com Pedro, citarei algumas partes que ajudam a compreender e perceber como o vínculo terapêutico se deu de forma tão boa e significativa, utilizando-se de brinquedos lúdicos, os quais tiveram grande importância nesta construção.

2º Encontro

“Hoje tu vai ser a irmã mais velha, e eu vou ser a irmã menor”. – disse Pedro.
Ele pegou a casinha de bonecas. Como ele me deu a representação de irmã mais velha, na brincadeira, me deixou morar dentro da casa com ele e com o cachorro “Dogdog”.

Foi interessante perceber como se desenvolveu a brincadeira neste segundo encontro, visto que na nossa primeira sessão, “eu” não pude entrar na casa de bonecas, pois ele ainda não me conhecia. A aceitação e até mesmo a motivação, foi se dando através do brincar. Já, neste segundo encontro, Pedro já estava mais familiarizado comigo, deixando-me fazer parte de seu mundo de imaginações de forma mais concreta.

3º Encontro

Cheguei na clínica ás 13:45. Pedro estava no salão. Quando me viu, olhou bem sério pra mim, como no primeiro encontro, e depois sorriu.

Estavam se preparando para oficina de artes. Perguntei o que ele queria construir na oficina e ele disse que queria fazer uma casa. Disse: “Me ajuda a construir uma casa”?

Eu senti uma emoção muito boa ao ouvir Pedro me perguntar isto. Percebi que estamos construindo um vínculo muito positivo. Quando ele me convidou para construir uma casa, entendi isso não só como um trabalho de artes, mas sim, ele me pedindo para que o ajudasse, como se fosse a construção de uma casa “no seu interior”, possibilitando juntamente minha entrada em seu mundo interno.

Sentei no sofá e ele sentou ao meu lado, e me abraçou. Disse que queria construir uma casa de bonecas para brincarmos depois. Construímos janelas e portas, pois ele disse que a casa tinha que estar bem fechada e ter paredes bem fortes. Ajudei-o a colar as partes da casa com a cola quente.
Pedro se dedicou bastante para construir a casa, e ficou muito orgulhoso de si mesmo no final. Fomos então para a salinha menor, um estagiário nos acompanhou.

Na brincadeira ele disse que dessa vez eu seria a mãe e desta vez e mãe morava junto com ele (representado por Regina), na casa. Pedro fez Regina ficar doente e disse que a mãe tinha que cuidá-la, a mãe cuida e a filha melhora. Depois Pedro diz que a tempestade está vindo, que tem que fechar todas as janelas e portas. A “mãe” pergunta se “Regina” tem medo de tempestade e ele diz que sim e depois pergunta se tem medo do escuro, e “Regina” diz que sim, a mãe pergunta se ela quer uma luzinha para conseguir dormir e ela diz: – Quero.
4º Encontro

Cheguei na clínica às 14 horas. Pedro estava brincando na salinha com um dos estagiários. Os dois brincavam com umas motinhos, em cima da mesa da sala. Fizeram um circuito para as motos andarem. Não interrompi a brincadeira, pois Pedro estava muito feliz brincando, estava sorridente. Sentei e comecei a observar os dois. Pedro, logo me incluiu na brincadeira, disse que eu era o posto de gasolina, para abastecer as motos: – “Óh, cada vez que faltar gasolina eu vou até ti e tu abastece minha moto tá?” – perguntou ele.

Foi interessante a maneira como a qual me colocou na brincadeira. Como não havia outros brinquedos na sala, no presente momento, ele deu-me a função de abastecê-lo, logo que ele “era a moto” e deu-me o papel de “ser o posto de gasolina”.

Percebi que ele me coloca como ponto de referência de ajuda, nas suas brincadeira, e isto nada mais é do que o papel do at, que muitas vezes age como ego auxiliar, facilitando na construção do vínculo e ajudando seu paciente a receber, identificar e responder aos vários estímulos que lhe apresentam, em um clima de segurança e incentivo para abertura á novas vivências.

5º Encontro

A partir deste encontro ficou esclarecido que sempre no horário das 14 horas até às 14h 45 min eu passarei uma atividade escolar para ele.

Junto comigo levei um livro de leituras infantis chamado Livro das Virtudes para Crianças- de William J.Bennett, e algumas folhas brancas. Fomos para a sala de atividade. Retirei o livro de minha pasta e disse: “Pedro, eu trouxe um livro muito legal pra gente ler hoje, têm várias historias infantis”. Mostrei o sumário para ele e comecei a ler o título dos contos (pedi que escolhesse um). Ele escolheu: O Pequeno Herói da Holanda.

Segundo BETTELHEIM (1996) os contos fadas, as histórias infantis, devido a sua estrutura simbólica implícita nos enredos e personagens que atuam no nível inconsciente no desenvolvimento da história, desempenham um papel fundamental para a conduta humana, que o sujeito, seja ele criança ou adulto, dedica-se a elaborar no decorrer de seu desenvolvimento. Esclarece inconscientemente os processos e conflitos internos que o sujeito vivencia de forma simbólica e impessoal, para que tenha a oportunidade de visualizar seus conflitos como um observador, auxiliando dessa forma, nas resoluções e promovendo o amadurecimento emocional e cognitivo.

6° Encontro

No sexto encontro foi realizado primeiramente na clínica, com uma atividade direcionada ao escolar, na qual trabalhamos em cima de uma poesia.Depois fomos para um clube, perto da clínica. Foi nosso primeiro encontro na rua.

Nosso vínculo já está muito bom, as brincadeiras auxiliaram significativamente nesta construção, o que também facilitou no trabalho escolar que iniciei com ele.

Chegamos dentro do clube, Pedro abriu um enorme sorriso, fomos em direção à praça, quando ele viu todos os tipos de balanços e escorregadores e brinquedos diferentes ele olhou pra mim e disse: – Vamos?

Brincamos por um tempo na praça. Foi interessante perceber Pedro interagindo com outras pessoas, no ambiente social, fora da clínica.

O at ajuda o paciente na articulação social, na prevalência da ação e do fazer uma atividade no social, e construir um novo significado no seu psiquismo. (A rua como espaço clínico, AT. Equipe a casa, 1991).

7° Encontro
Fizemos algumas atividades relacionadas ao campo escolar, tais como: ditados, separação de sílabas, adição e divisão, etc. Depois propus que lêssemos um conto do Livro das Virtudes para Crianças. Ele escolheu novamente a história do Pequeno Herói da Holanda.
Esta história fala sobre um menino de oito anos, chamado Peter, que morava na Holanda e vivia com seu pai, que era um homem responsável pelas comportas dos diques (enormes muralhas que impedem o mar do norte de invadir a terra).
Até mesmo as crianças pequenas sabiam que os diques precisavam ser vigiados.

Uma certa manhã, Peter foi brincar com seu amigo, que era cego, e lhe contou sobre o mar, sobre as flores e os navios. Depois de brincar com seu amigo, Peter iria para casa e no caminho percebeu que havia um vazamento em um dos diques, chamou por ajuda, mas ninguém o ouviu, então decidiu tentar resolver por si mesmo, colocou seu dedo no furinho do dique para a água não passar e passou a noite inteira ali e pensou: “De alguma forma, eu vou aguentar”.

Até que de manhã bem cedo passou um homem por ali e viu Peter e perguntou o que estava acontecendo e ele disse: “Estou contendo a água do mar. Mande vir ajuda rapidamente”. O alerta foi dado imediatamente. Chegaram várias pessoas e logo o furo foi consertado. Peter foi para casa e se encontrou com seus pais. Todos ficaram sabendo que ele lhes havia salvado a vida naquela noite. E até hoje ninguém se esquece do corajoso pequeno herói da Holanda.

Achei muito interessante observar a história que Pedro escolheu para trabalharmos, visto que fala de um garoto da mesma faixa etária que gosta de ajudar e ser reconhecido pelos outros e pela família e que fez de tudo para resolver uma situação para o bem de todos.
Pedro parece ter se identificado muito com o garotinho do conto, pois escolheu ler a história novamente, mesmo eu mostrando os demais contos que tinham para ler.

Acredito que o conto o ajudou a simbolizar, e imaginar, resignificando alguns de seus significados.

8º Encontro

Cheguei na clínica ás 13:55. Pedro estava no salão brincando de futebol. Sorriu quando me viu chegar e fomos para a sala realizar nossas atividades. Primeiramente propus um exercício de sílabas, com colagens de figuras. Depois de fazermos a atividade com as sílabas, propus que ele recortasse figuras de revistas das quais ele gostasse para fazermos uma colagem. Pedro recortou algumas figuras de carros que ele achou bonito e tipos de pássaros e atrizes que ele acha bonita. Ao término do trabalho ficou muito satisfeito, e quis mostrar seu feito, para todos da equipe, e depois colocar na parede da sala de atividade.

 

9° Encontro

O meu nono encontro com Pedro foi realizado em sua casa. Quando cheguei, ele estava espiando pela porta de entrada, me viu e disse sorrindo: – Vem Vanessa. Vou te mostrar meus passarinhos.

Ao longo do encontro Pedro me mostrou toda sua casa. Percebi seu ambiente familiar e como este influencia na sua personalidade, jeito de ser a agir. Conversei bastante com sua mãe, que me relatou que eles dormiram sempre juntos, desde que Pedro nasceu, e que ele sempre teve medo de dormir sozinho. Disse, além disso, que mesmo dormindo no mesmo quarto que a ela, tem que ter uma luzinha acesa, e que quando falta luz, e aquela luzinha apaga, Pedro se esconde embaixo das cobertas, pois acorda angustiado vendo que está tudo escuro (lembrei-me das brincadeiras que tive com ele na clínica, nas quais ele representou muitas vezes isto com as bonecas).

Assim constato, mais uma vez a importância do brincar para a construção do vínculo afetivo entre o at e o paciente e como esta facilita no desenvolvimento emocional da criança, possibilitando que libere suas angústias e sentimentos e manifeste seus desejos e fantasias, que muitas vezes fazem parte da vida real.

Na casa de Pedro, brincamos bastante e realizamos algumas atividades direcionadas para o at escolar. Acredito que já estamos plenamente vinculados um com o outro, e indo até a casa dele, percebendo seu ambiente familiar e fazendo parte por momentos deste, construímos outro passo significa muito para a prática do acompanhante terapêutico, que é conforme diz Mauer & Resnizky (1987) atuar como agente ressociabilizador e catalizador das relações familiares.

 

10° Encontro

Levei um livro sobre cachorros para trabalharmos e conversarmos a partir de então. Nele há todas as raças de cachorros que existem. Há fotos dos cães, as atividades que eles praticam e suas diferenças (como cães de corrida, cães de caça, cães da neve, cães de apartamento). É um livro que chama bastante atenção para quem gosta de animais e sabendo que Pedro adora cachorros e sempre fala dos seus, achei interessante que pudemos ler e ver o livro juntos. Ele adorou, olhamos todas as fotos dos cachorros, rimos bastante, discutimos sobre as raças que existem e depois pedi para que ele escolhesse um dos cachorros para desenharmos juntos. Então iniciamos um desenho, eu desenhei a parte da cabeça e ele o resto do corpo. Dei de presente para ele como um cartão, feito por nós, visto que os encontros estão chegando ao fim. Propus que nosso próximo encontro seja realizado no aeroporto. Ele adorou a idéia.

11° Encontro

Fomos no aeroporto, observamos os aviões pousando e partindo nas pistas. Tiramos bastantes fotos. Vimos à variedade de aviões que existem e quantas pessoas viajam a cada dia. Em questão de minutos pode-se observar a quantidade de aviões que transitam em direção a um destino.
Assim reflito que às vezes, como os aviões, as pessoas partem, viajam, continuam suas trajetórias. Comparo este pensamento reflexivo ao meu trabalho como at, que está por se finalizar.
Depois de observamos por longo tempo os aviões, tomamos um sorvete. Perguntei para Pedro, onde ele gostaria que fosse realizado nosso último encontro. Ele se desorientou um pouco com a pergunta, perguntou: – Último? – E eu disse que sim.
Ele disse que gostaria que eu fosse “bem cedinho para casa dele”, brincar com ele, como da outra vez.
12° Encontro

A pedido de Pedro, realizei nosso último encontro em sua casa. Brincamos bastante, rimos e conversamos muito. Relembrei com ele todos os nossos encontros e inclusive imprimi as fotos que tiramos no aeroporto, dos aviões, e uma nossa (a qual fiz um trabalho com EVA, recortando na forma de um avião e colocando nossa foto, para que Pedro possa guardar de recordação). Ele estava muito feliz em eu estar ali, e brincarmos juntos, mas quando o encontro foi chegando ao fim, ele começou a ficar mais quieto. Senti como se ele realmente soubesse que não nos veríamos mais. Eu estava sentada no sofá, jogando com ele, um joguinho em um computador de brinquedo, quando ele deitou em meu ombro e me abraçou. Ficamos em silêncio por um tempo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do ato de brincar a criança desenvolve e libera seus sentimentos, o lúdico ajuda a despertar novos significados e elaborar os velhos. A estrutura simbólica atua no conteúdo inconsciente do desenvolvimento, colaborando a esclarecer muitas vezes os conflitos internos que o paciente possui, ajudando a criar um equilíbrio entre o seu processo emocional e cognitivo.

Foi o que percebi no meu trabalho como at realizado com Pedro. Através do brincar fomos estabelecendo um vínculo, que foi se transformando ao longo dos encontros. Fui descobrindo o mundo interno de Pedro, seus medos, fantasias, sonhos, vontades; e no ato de brincar ele aos poucos foi me deixando chegar cada vez mais afundo, o que facilitou na minha prática como at.

Acredito que consegui proporcionar a ele momentos de alegria, construção de saber e ajudando-o a resignificar e elaborar algumas questões de seu psiquismo. A brincadeira serviu como ponto primordial nesta construção, pois foi através do criar, imaginar, fantasiar e dialogar, que nossos “personagens” foram se encontrando ao decorrer da história.

REFERENCIAS

  1. A CASA, EQUIPE DE ACOMPANHANTES TERAPÊUTICOS DO HOSPITAL-DIA (org.) (1991). A rua como espaço clínico: acompanhamento terapêutico. São Paulo: Escuta. 247p.
  2. Bettelheim, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. T rad. Arlete Caetano, 11ª ed., Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1996.
  3. Bion, W. R. (1966). O aprender com a experiência. In W. R. Bion. Os elementos da psicanálise (pp.5-117). Rio de Janeiro: Zahar.
  4. Grinberg, L., Sor, D., & Bianchedi, E. T. (1973). Introdução às idéias de Bion. Rio de Janeiro: Imago.
  5. Klein, M. (1991a). Sobre a observação do comportamento de bebês. In M. Klein. Inveja e gratidão e outros trabalhos 1946-1963 (pp.119-148). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1952).
  6. Klein, M. (1991b). A técnica psicanalítica através do brincar: sua história e significado. In M. Klein. Inveja e gratidão e outros trabalhos 1946-1963 (pp. 149-168). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1955).
  7. Winnicott, D. W. (1975a). O uso de um objeto e relacionamento através de identificações. Em: O brincar e a realidade. (pp. 121-131). Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1969)
  8. Winnicott, D. W. (1975b). A criatividade e suas origens. Em O brincar e a realidade. (pp. 95-120). Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1971)
  9. Winnicott, D. W. (1978). Desenvolvimento emocional primitivo. Em D. W. Winnicott (Org.), Textos selecionados: Da pediatria à psicanálise (2ª ed. pp. 269-285). Rio de Janeiro: Francisco Alves. (Original publicado em 1945)
  10. Winnicott, D. W (1975). O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago. 203 p.
  11. Winnicott, D. W (1993). O trabalho e o brinquedo – uma leitura introdutória- Simon A. Grolnick, Porto Alegre.
  12. Winnicott, D. W. (1983). Enfoque pessoal da contribuição kleiniana. Em D. W. Winnicott (Org.), O ambiente e os processos de maturação: Estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional (pp. 156-162). Porto Alegre: Artes Médicas (Original publicado em 1962).
  13. Zimerman, D. E. (1999). Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática. Porto Alegre: Artmed.

Autora: Vanessa Becker Bender – Estudante de graduação do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Formação no “Curso de Capacitação em Acompanhamento Terapêutico” da CTDW. Fones: (51) 3023-6849 / 8428-7127. E-mail:[email protected]

 

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