Acompanhamento Terapêutico e Qualidade de Vida dos Idosos

Resumo: o interesse de discorrer sobre o tema “Acompanhamento terapêutico e Qualidade de Vida dos Idosos” surge após identificar as dificuldades e queixas relacionadas a sentimentos de abandono, depressão, exclusão e indiferença perante a sociedade, observadas no cotidiano dos idosos. Diante o conhecimento prático, torna-se conveniente buscar subsídios teóricos, capazes de fundamentar o trabalho do acompanhante terapêutico. Neste sentido investiga-se qual a melhor forma de intervir nas demandas, possibilitando assim, um novo sentido à rotina e propiciando a qualidade de vida desta camada da população. Assim sendo, esta revisão de literatura busca além de definir o termo, aprimorar o conhecimento no que diz respeito ao retorno terapêutico que um profissional que trabalha nesta área pode proporcionar.

Palavras- chave: Acompanhante terapêutico, idoso, qualidade de vida.

Acompanhamento Terapêutico e Qualidade de Vida dos Idosos

Introdução

Em geral literaturas colocam a profissão de AT como dispositivo clínico, que tem como característica prestar um atendimento psicológico diferenciado, desenvolvendo atividades em distintos settings terapêuticos, sem local fixo para sua ocorrência. Prestando serviço tanto na esfera publica como privada, realiza atendimentos a diferentes perfis de indivíduos e situações, este serviço vem apresentando uma crescente demanda.

Tavares (2006) diz que a nomenclatura de AT, inicialmente teve variadas traduções, e hoje em algumas literaturas ainda podem ser observadas, como, “amigo qualificado”, “agente terapêutico”, “auxiliares psiquiátricos”, entre outros. Geralmente esse papel era e hoje ainda se aproxima muito ao papel de alguns técnicos de enfermagem, principalmente que realizam suas atividades em CAPS ou que por razões clinicas atendem pacientes na casa dos mesmos.

Maia (2006) comenta que a questão do AT, estar inserida com outros profissionais, observando que o AT como parte integrante da técnica de manejo realizada por um analista no atendimento de pacientes que não alcançaram o estado de unidade de si mesmo.

Berlinck (2010) relata que em relação ao psicólogo AT, acrescenta a “liberdade” desse em proporcionar a seus pacientes um ambiente terapêutico diferenciado, saindo do setting tradicional, podendo com isso enriquecer não só o tratamento como também possibilita a descoberta terapêutica de importância no cotidiano de seu paciente e o que para ele é um estimulo simples como o andar na rua durante seu espaço de atendimento, pode vir a possibilitar descobertas antes passadas desapercebidas.

Estudos apontam que dos diversos contextos do trabalho de Acompanhamento terapêutico, alguns poderiam se encaixar perfeitamente em relação ao idoso e essa fase de sua vida, muitas vezes de aceitação difícil e sofrida.

Diante ao trabalho realizado, nota-se a importância de mais estudos sobre o tema, visto que ainda há pouca literatura acerca do Acompanhamento terapêutico com idosos.

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Acompanhante terapêutico

Bönecker (2011) refere o trabalho de Acompanhamento terapêutico como alternativa importante do trabalho psicológico, focado na prevenção e promoção da saúde dos idosos. Além disso, em geral se observa ênfase de autores em relação á importância de que o AT trabalhe em conjunto com uma equipe multidisciplinar na medida do possível, para que possa fornecer um atendimento mais completo para a qualidade de vida do individuo. Saliento aqui a questão da terceira idade, onde os demais acompanhamentos se fazem essenciais, por questões de saúde geral e geralmente estar associado á necessidade desses pacientes fazerem uso de medicações e o acesso á informações clinicas importantes para o tratamento desses.

Stagnaro apud Tavares (1997: 83) aponta ser mais antiga essa profissão, porém foi de fato nomeada por meados de 1950, na Europa e nos EUA, juntamente com as questões relacionadas á reforma psiquiátrica, surgimento dos hospitais dia, dos psicofármacos e das comunidades terapêuticas. O surgimento do acompanhamento terapêutico se deu numa época de maior “difusão da psicofarmacologia”, que permitiu tanto as experiências dos serviços abertos como a “circulação dos psicóticos” pela cidade e sua possível reinserção social. Isso foi possível em razão da eficácia dos psicofármacos diante das características de agitação e agressividade desses pacientes, possibilitando a “troca” da contenção física (amarras, camisa de força, etc) por contenção química.

Desde então os indivíduos antes institucionalizados, podiam circular pela sociedade com a combinação de serem acompanhados, por um agente, auxiliar, companhia especializada, entre outros, hoje chamados de Acompanhantes Terapêuticos, expandindo também as demandas para esse trabalho. Hoje, essas demandas referem-se desde o paciente psicótico, até aqueles casos mais simples como dificuldades escolares, passeios e companhia, na ausência de que indivíduo disponha de um familiar para essas tarefas de maior atenção.

Tavares (2006) diz que em 1980, estudos apontam que analises referente a está profissão passaram a ganhar maior importância, considerando o AT como uma atividade rica, com vasto campo de atuação, eficácia nos trabalhos que se propõe a desenvolver. Tornando-se importante campo para pensar a relação entre praticas em saúde e os processos de subjetivação contemporâneos.

Lins et al (2006), acrescenta a importância da atuação do AT em casos onde exija cuidado domiciliar. Por se tratar de uma circunstância clinica peculiar que demanda atenção, dedicação, cuidados e capacitação. Esses autores se referem ao AT como um fator diferenciado no contexto com intervenções e avaliações pertinentes e com ações especificas.

Acredita-se que em razão da proximidade com o paciente, onde de certa forma, criam um vinculo mais estreito, dividindo mais momentos juntos compartilhando com o indivíduo, a razão de sua fragilidade emocional e situacional e necessidade de desabafar e trocar ideias e pensamentos com esses profissionais. Esses trabalhavam no sentido de colocar em os programas de tratamento elaborados pelo psicoterapeuta ou pela equipe de saúde, através de intervenções que possibilitassem uma adaptação mais rápida ao meio urbano, Tavares (2006).

Com a diminuição das comunidades terapêuticas no Brasil, e fechamento das clinicas, ocorre também a “demissão” dos agentes que nelas exerciam seu trabalho. Porém, pela necessidade de trabalho desses, passaram a usar a “rua” como espaço para exercerem suas profissões o que possibilitou ao acompanhante terapêutico ser um agente de saúde autônomo, ou seja, não necessariamente vinculado a alguma instituição ou equipe, e sem um lugar físico especifico de trabalho.

Ainda Tavares (2006) confirma referindo que o ‘estar na rua’ (despedido) auxiliou o ‘agente andarilho’ a assumir a ‘rua’ como seu campo fundamental de trabalho. A rua por tanto deixa de ser simplesmente uma “rua”, passando a ser um complemento de trabalho e “agente” para transformação e adequação do indivíduo e seu acompanhante terapêutico a estímulos imprevisíveis do cotidiano. Essa imprevisibilidade pode-se dizer que é o que torna interessante o trabalho do acompanhante terapêutico, fazendo uso dos pequenos e grandes estímulos que esse meio possibilita e que muitas vezes pode fazer toda a diferença para o ‘acompanhado.

Este autor continua a dizer que ao ter a rua como ambiente terapêutico, necessita existir um vinculo pré-estabelecido entre o AT e seu acompanhado, onde se perceba um determinado respeito e escuta por parte do indivíduo, o que não significa que estar realizando o AT em outro local mais “restrito” como a casa do paciente deixe de ser “acompanhamento terapêutico” ou diminua a sua eficácia.

Segundo Resnizky (1987) ao estabelecer contato com o cotidiano da pessoa que está sendo acompanhada o AT, disporá de informações fidedignas sobre seu comportamento na rua, os vínculos que mantém com os membros de sua família, o tipo de pessoas que prefere se relacionar as emoções que o dominam.

Na visão de Maia (2006), duas categorias de pacientes que podem ser favorecidos por este tipo de atendimento, de um lado aqueles que não alcançaram o estado de unidade de si mesmo, que em analise lidam com os estágios mais primitivos de seu desenvolvimento emocional. Do outro, aqueles que não constituíram em totalidade, aspectos de sua personalidade e questões fundamentais vinculadas a ela na fase depressiva do indivíduo.

Berlinck (2010) enriquece, realizando uma observação entre o discurso do AT e do Psicólogo. Discorrendo brevemente a historia do AT, nascido dos discursos sobre reforma e novas práticas terapêuticas, onde desde o inicio o AT tem como principal característica o trabalho com a diversidade de profissionais que buscam uma formação em AT, esses geralmente relacionados a saúde como enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos entre outros.

Idoso

Coda (2010) afirma que o objetivo de trabalhar com o idoso é buscar possibilidades e encontrar situações em que o idoso poderá reencontrar sentimentos de satisfação e bem estar, é a busca da realização de suas vontades e necessidades, fazendo que deixe de lado a posição que geralmente ocupa de enclausurado.

Nos últimos anos, observamos o crescimento da população idosa em nossa sociedade, podemos dizer que dois fatores estão associados a esta realidade, acredita-se que em razão os avanços da medicina e também devido e as mudanças nos hábitos de vida. Corroborando com esta afirmação, Santos (2008) nos diz que a expectativa de vida ao nascer é de 69 anos para os homens e 75 anos para as mulheres, sendo que o aumento populacional de idosos com 60 anos ou mais, alcançou maior crescimento no país 107% entre 1980-2000. Muitos estudos destacam que esse prolongamento da vida, vai diretamente de encontro aos avanços da medicina.

Santos (2008) coloca que em todo o mundo estamos percebendo uma revolução silenciosa e surpreendente, onde taxas de mortalidade estão cada vez menores, principalmente em relação à população idosa. Fator que mexe diretamente com a sociedade e com as políticas públicas e governamentais, no que se refere à previdência social, expandindo as questões nesta etapa da vida.

Muitos estudos destacam que esse prolongamento da vida, vai diretamente de encontro aos avanços da medicina. O que leva a pensar o quanto estamos preparados ou não para essa realidade social.

O que se observa é que paralelamente com o prolongamento da vida na terceira idade, não raro é o aumento da depressão e sentimentos de desprezo e abandono nos idosos. Santos, (2008) acrescenta, que muitas vezes a dificuldade de aceitação e temor de envelhecer do idoso não só ocorre pela falta de qualidade de vida numa sociedade despreparada para conviver com eles, mas também pelos próprios conflitos internos e falta de adaptação do idoso com sua “nova vida” dentro da própria família, onde muitas vezes ocorre repudia por parte desses.

Garcia et al (2006) acrescenta que o adoecimento crônico, implica ao idoso um processo de aceitação de caráter subjetivo em que ocorrem momentos de negação, de raiva, de agressividade, hostilidade e tristeza. Complementa que com a cronicidade, tem-se grande dificuldade em aceitar o próprio envelhecer. Apesar de representar uma das principais conquistas dessas ultimas décadas, em termos populacionais, o envelhecimento é desvalorizado e representado por perdas, incapacidades e doenças. A aposentadoria funciona como um ‘selo de inutilidade’, ampliando mais o caráter de declínio, disfunção social e referências negativas.

Muito comum é vermos idosos sofrendo maus tratos físicos, mas principalmente psicológicos, quando em sua grande maioria são desprezados e abandonados em suas casas ou em casas geriátricas. Estudos realizados em uma casa geriátrica no Rio de Janeiro apontam que grande parte dos idosos queixa-se que seus familiares nada podem fazer para melhorar sua qualidade de vida, pois sentem-se magoados, abandonados e ainda consideram-se como peso para os mesmos, Oliveira et al  (2006).

Santos (2008) contribui ao referir que a questão de maus tratos ao idoso não limita-se aos países pobres, e em seu estudo aponta que nos E.U.A, em 2008, foi registrado cerca de dois milhões de casos de algum tipo de agressão há idosos. Refere também que o Rio de Janeiro é o estado brasileiro onde morrem mais idosos vitimados pela violência, conforme pesquisa do Centro Latino Americano de Estudos sobre Violência e Saúde.  Os filhos e familiares preocupados com seu núcleo familiar casal e filhos esquecem ou simplesmente negam a necessidade de cuidar de quem sempre os cuidou e proporcionou a vida que hoje obtêm.

Complementando com o mesmo estudo, que aponta que o fato das famílias estarem centradas em seu núcleo pais e filhos longe dos avós e bisavós, é outro fator responsável pelo aumento de idosos em casas geriátricas, tornando-se comum e não raro a perda total de contato entre idosos e seus familiares.

Foi o tempo em que a maioria das famílias, filhos e netos sentavam em mesas grandes para escutar histórias de vida de seus pais e avós, passando horas juntos, tomando um bom chá com biscoitos. Ainda Santos (2008) coloca a importância da memória do idoso como benéfica não somente para eles próprios, mas principalmente como fator fundamental em seu papel na sociedade.

Oliveira et e al (2006) acrescenta que foi-se o tempo que famílias tradicionais louvavam cuidar de seus idosos, em cultos e rituais antigos, venerando-os por sua sabedoria e respeito. Estudos comparam que em alguns países a velhice é tratada com respeito e veneração, pois representam a experiência, saber valioso acumulado ao longo dos anos, e outros quesitos.

No Brasil, os idosos infelizmente são considerados apenas “velhos” e ultrapassados. Os dias hoje são curtos, mais agitados e sofisticados, as famílias trabalham duro no decorrer da semana, e no final dela sentam em frente a seus computadores, não se alimentam de forma adequada e muito menos conseguem dispor de tempo para escutar seus familiares idosos e muitas vezes desrespeitando os mesmos.

Se nas famílias isso ocorre, o que dirá em grande parte da população que não respeita os direitos e prioridades dos idosos na vida pública. Em ônibus e filas preferenciais, por exemplo, é difícil ver os próprios idosos neles, mas adolescentes e jovens adultos fazendo de conta que dormem ou simplesmente que não os veem é muito comum, são os “invisíveis” de nossa sociedade. Essas mesmas pessoas consideram o idoso como um peso, o culpado por impostos e remédios com valores altos, os culpados pelo desconforto nos ônibus devido aos bancos preferenciais que ocupam e pela passagem que não pagam.

Percebe-se que o idoso passa por um desprezo praticamente generalizado, muitos acreditam que são inúteis e que não mereciam estar vivos. Acabam perdendo o gosto pela vida, submetendo-se a diversos tipos de agressões. Sofrem calados para não “estorvar” seus familiares, invertendo os papéis e sentindo-se verdadeiramente culpados por viverem tanto tempo, passando a desejar a morte física, em vista de que a psicológica já ocorreu há bastante tempo.

Outra situação muito comum é os idosos acabarem vitimas de golpes e assaltos. Grande maioria deles são ingênuos, de fato muitas vezes parece que os idosos desaprendem tudo que ensinaram á seus filhos, como cuidar para atravessar uma rua, não aceitar nada nem falar com estranhos, etc. Então se percebem reaprendendo a viver, porém sem ter quem cuidar, e menos ainda quem os cuide.

Números de pesquisa realizada por Santos (2008), revelam que em um grupo de 100 mil habitantes com mais de 60 anos 249,5 dos casos morrem por homicídios, atropelamentos e acidentes domésticos como quedas, etc.

Existem também as famílias tradicionais, que valorizam a vida prolongada de seus entes queridos, mas ainda assim não conseguem dar a atenção adequada, pela real correria do dia a dia. Nesses casos, mesmo sentindo-se realizados os idosos tendem a desencadear depressão, pois não conseguem se acostumar ao ninho vazio e há falta de atividades, sentem-se inúteis por não exercerem suas profissões e cuidados familiares ao que estavam acostumados. Outros se sentem como estranhos a esse mundo, mesmo que tenham suas famílias próximas, pois demonstram dificuldades em aceitar as mudanças de comportamento e vivencias pelas diferentes gerações.

Oliveira et e al, 2006 escreve que longe de serem pessoas improdutivas a espera da morte, os idosos fazem parte do cotidiano contemporâneo, e tendem a permanecer como agentes participantes de todo o processo dinâmico da vida em sociedade. Resultando em mudanças de concepção e conceito de “velhice” para o de Terceira Idade, representando maior respeito e possibilitando aos idosos um reconhecimento digno de sua vitória perante a vida.

O Acompanhante terapêutico e o idoso

Segundo revisão de estudos diversos assistidos em aula, apontam modalidades de atendimento em AT, entre elas em relação ao idoso, no que se objetiva o foco de trabalho, proporcionando a escuta como fator principal, dar novo sentido a vida, passeios e conversas, mostrar possibilidades da vida nesta fase, auxiliar nos cuidados com horários de medicações e organização ambiental e atenção em relação as doenças clinicas que podem ou já existem.

Goldfarb e Lopes (2001) falam da relação desta etapa de vida, pode-se oferecer também um AT de transporte e passeio, esse por sua vez, inclui as questões de passeios diversos que o idoso ou familiar solicite, ou mesmo como companhia a consultas medicas, etc. Em casos de maior seriedade e gravidade de casos este profissional pode vir ser acionado para atender como internação clinica ou domiciliar, onde possivelmente se verá a necessidade e condição de ter apoio de uma equipe multidisciplinar para possibilitar revezamento de turnos.

Rebello (2010) acrescenta que o envelhecimento, hoje, é considerado um processo biopsicossocial, onde fatores biológicos, sociais e psicológicos interagem entre si. Refere também que é muito comum encontrarmos profissionais de diversas áreas que lidam com o envelhecimento como categoria única, no ponto de vista biológico e consequentemente sob o prisma das perdas.

Durante o processo de envelhecer, é inevitável que o idoso se depare com o declínio do corpo físico. O idoso, com o passar do tempo, obviamente, sofre algumas perdas irreversíveis do ponto de vista biológico. Mas se nos aprisionarmos a este olhar biologizante, perderemos de vista as outras velhices– estas, não necessariamente vinculadas ao declínio e às perdas.

Rebello (2010) vê o AT como um “dispositivo clinico, com seu setting móvel”, pode ser a razão de um tratamento efetivo com os idosos, mostrando-lhes novas possibilidades e recursos para usufruírem desta fase da vida, não mantendo-se cristalizados ou congelados nestas incapacitações e crenças de impossibilidade de realizar novos projetos, seja por questões físicas ou psíquicas

Goldfarb e Lopes (2001) que referem que o ATI (Acompanhamento terapêutico com Idoso) é um dispositivo clinico que trabalha numa rede interdisciplinar e se inclui na vida da pessoa, no seu meio habitual, no seu lar. Não se contrapondo aos outros tratamentos, mas os complementando.

Considerações finais

Esta revisão deixa nítido, que muitos são os fatores que fazem do trabalho do AT, uma atividade pouco valorizada por outros profissionais, em razão de seu papel dentro de uma equipe, visto que na maioria dos casos existem terapeutas ou mesmo psiquiatras, que tentam manipular esta atividade.

Destaca-se a importância do trabalho de acompanhamento terapêutico com os idosos na busca de encontrar alternativas para os indivíduos da terceira idade que estão ou não com limitações físicas ou psíquicas.

Diante a esta realidade se percebe a necessidade de um aprimoramento por parte dos profissionais que realizam está pratica, bem como um aprofundamento teórico-prático possibilitando um auxilio qualificado.

Percebe-se como fundamental que a população idosa tenha alguém que se dedique a eles e os mostre que mesmo diante da realidade de suas idades avançadas, há como terem qualidade de vida, buscando a saúde física e psicológica, mantendo sempre a consciência das suas necessidades para o bem estar social do idoso.

Idosos necessitam conversar, contar suas histórias, ter quem os olhe com olhar especial, valorizando suas conquistas de uma vida inteira, priorizando esta fase do ciclo vital.

Dentro deste contexto, observações a cerca dos focos em que o AT deva dirigir o seu trabalho, não devem ser descartadas, além disso, executar atividades de conveniência e socialização, primando pela restituição dos vínculos.

Fica a cargo do profissional desta área, fazer uso constante da observação aos estímulos que chamam a atenção do paciente, trazendo explicações para o momento difícil que levou o indivíduo ou os seus familiares a procurarem auxilio terapêutico.

Cabe pensar que ao estar realizando o trabalho de AT com idosos, muitas vezes em ambiente desprotegido, assim como rico, também dobra a responsabilidade deste ‘acompanhante’, aos riscos que o estar na “rua” pode apresentar, fornecendo na medida do possível a segurança necessária, permitindo a experiência do novo, e utilizando deste para realizar uma escuta adequada dos medos e anseios do indivíduo acompanhado, assim como trabalhar questões de desânimo e descrença, de forma motivada, buscando desenvolver questões relacionadas a autonomia de pensamentos, resultando desses ações.

Esta revisão nos possibilitou a perceber que a profissão de AT pressupõe um único objetivo, buscar um sentido na vida daqueles que deram sentido a muitas vidas e gerações. Observa-se que em grande parte são indivíduos carentes, que gostariam de através de suas historias e exemplos, transmitir força para aqueles que ainda possuem muito chão para percorrer. Mas que infelizmente, poucos são os ouvidos que se disponibilizam para esta preocupação, em deixar suas sementes hoje, para as próximas gerações colherem frutos adequados para repor força e garra para vencer obstáculos e batalhas pela frente.

Resta-nos admitir que o AT, sempre que possível, deverá desenvolver um trabalho que retire o idoso do local de clausura e devolver a sua autonomia como sujeito pensante, sobre aquilo que é mais singular e muitas vezes desconsiderado na velhice. Ainda, devolver ao idoso, sua capacidade de se relacionar, de se impor e de desejar.

Referências Bibliográficas

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  • Mauer , K. S.; Resnizky, S. (2009) Territórios do Acompanhamento Terapêutico . Buenos Aires: Letra Viva, http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/artigos

Autora

Nadja Demezuk Melo – psicóloga (CRP 07/20506), Graduada em Psicologia pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA – São Jerônimo), especialização em Psicologia Hospitalar (Hospital de Clínicas), formação no curso de Acompanhamento Terapêutico (CTDW Winnicott). Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: [email protected]

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