Autores:
- Vanessa Gimenes Gomes.
- Wiliam Siqueira Peres.
Resumo:
Este trabalho procura pensar uma outra forma de prática clínica em Psicologia, que não a tradicional – dentro de uma sala, onde é definido o setting terapêutico, privilegiando outros modos de existencialização. O acompanhamento terapêutico (A.T.) se apresenta enquanto uma técnica de intervenção clínica que se dá nos espaços públicos. Esta é entendida segundo Caiaffa (1991) com uma proposta de intervenção que acontece fora de um local definido enquanto um imóvel, um prédio e dentro de locais de circulação pública, ainda que o público esteja apenas no desejo do tratamento e mesmo que esse espaço se restrinja a uma residência. O caso utilizado para pensar a questão do acompanhamento terapêutico é de uma mulher que se encontra em processo psicoterápico, no qual percebeu-se a necessidade de buscar outras estratégias de intervenção que pudessem possibilitar rupturas no cotidiano que levavam-na muitas vezes a momentos depressivos. A estratégia clínica do acompanhamento terapêutico problematiza o fato de procurar ‘saídas’: “O acompanhante sai com o paciente pelo mundo, buscando juntos as melhores conexões, os melhores encontros, quase sempre extramuros, no mais exterior dos espaços terapêuticos, no mais interior do social”.(Carrozzo, 1991: 12). No contexto em questão, essa era uma das necessidades vivenciadas pela paciente: poder conectar-se, ligar-se, comunicar-se com o mundo de forma ativa, ou seja, em que ela pudesse estar atuando. Decidir por fazer um acompanhamento terapêutico implica disposição para conhecer lugares novos, de modos diferentes… É como viajar para um lugar desconhecido, às vezes a sensação de ser refém, outra de ser invasor como também de um simples passeante. “É uma exploração a dois na qual se experimenta caminhos até os limites permitidos pelo entorno”. (Porto, M.; Sereno, D. 1991:26). O primeiro dia de A.T. trouxe a sensação de estranheza de não saber o que fazer, como fazer e para onde ir. Trilhar junto este espaço com uma outra finalidade que não só a de passar pela rua, possibilitou modificações em nossa relação, como uma maior cumplicidade, confiança, além de uma melhor demarcação de limites. Este trabalho, apesar de estar em processo, nos permite alguns apontamentos que indicam que o acompanhamento terapêutico pode potencializar o que tem de saudável na vida do sujeito, de modo que este possa se apropriar e reapropriar de seus sentidos e de suas percepções, ampliando seu universo de referências e permitindo a criação de novas estratégias de relação com o mundo, com os outros e consigo mesmo.
Fonte:
http://www.xiisic.ufop.br/anais/1691.htm
Artigo publicado no “Site AT” em 23/12/2004.
Tags:clínica, Psicologia
¿Que mas nos puedes explicar? Ha sido Genial encontrar mas informacion sobre este tema. Saludos!