A Formação do Acompanhante Terapêutico (at): o Acompanhamento Terapêutico (AT)
A cerca de sua relação com o paciente, o acompanhante terapêutico pode, de forma calculada ou não, estabelecer um vínculo transferencial com o psicótico tal como ocorre em situações de análise, e posteriormente, manejá-lo de acordo com este mesmo referencial teórico, se assim o decidir.
O acompanhante terapêutico, neste sentido, pode, portanto, ter uma formação psicanalítica ou ainda um interesse nesta teoria.
A Formação do Acompanhante Terapêutico (at): o Acompanhamento Terapêutico (AT)
A Formação do Acompanhante Terapêutico (at): o Acompanhamento Terapêutico (AT)
Não é verdade, porém, que este seja um pré-requisito para se ser um at. Pois é necessário mais do que apenas uma teoria para se atender terapeuticamente um sujeito psicótico.
Cremos que o acompanhante terapêutico pode ter uma formação variada, mas deve, necessariamente, ser capaz de transitar entre as diversas referências que contribuíram para o surgimento de sua prática.
E isto tudo se deve à particularidade de a psicose requerer, de acordo com o contexto, um tratamento diferente.
Portanto, a gama de instrumentos e recursos que se pode aplicar a cada caso e momento não deve ser referente a apenas uma disciplina universitária ou a uma única teoria.
O que talvez seja imprescindível é que o at possa sempre ter em mente que sua atuação nunca deve se pautar por uma noção deficitária ou excludente da psicose.
O A.T. deve, além disso, ser capaz de ver no psicótico um sujeito, alguém que tem necessidades que vão além do tratamento que visa só o físico, pedindo também por um acesso maior ao simbólico, o que só pode por vezes ser feito com auxílio de fora.
Seu trabalho então ultrapassa o cuidado, a proteção e o transitar pelo cotidiano do paciente.
A Formação do Acompanhante Terapêutico (at): o Acompanhamento Terapêutico (AT)
Nada de “babás”. O acompanhante terapêutico se transforma num mediador entre o psicótico e o mundo, alguém que é capaz de falar duas línguas, pois aceita e compreende os mundos aos quais elas pertencem.
O at também deve evitar a segregação do paciente.
Não queremos que o atendimento proporcionado pelo Acompanhamento se torne uma gaiola invisível que mantém o psicótico no mundo, mas sem participar deste.
O acompanhante terapêutico deve sempre permitir que o psicótico se expresse livremente, cuidando apenas de mediar o seu contato com o social para que atritos não ocorram e a comunicação possa correr livremente.
O at deve proteger, mas não cercear. Acolher, mas não isolar.
Acompanhar é acreditar em possibilidades, mesmo quando se diz que ali não há mais nada a fazer. Por que aquele que deseja ser acompanhante terapêutico deve se lembrar que este sempre é chamado quando no caso parece não existir mais nenhum outro recurso.
São os casos de gente que não sabe mais como é, porque ficou sem se ver durante anos, porque no hospital os espelhos eram proibidos; gente que a família não conhece mais, ou que os teme; gente que não sabe mais seu nome, que não sabe usar cartão de telefone, gente que perdeu o bonde da história, que ficou sem passado e que acha que o futuro não é para “gente pobre, feia e doida”.
Mais que ser capaz de criar novas situações, ou transitar pelas ruas da cidade, dialogar com a família, ser o fio que às vezes liga a rede terapêutica, ou se utilizar de todos os recursos teóricos e instrumentais, o acompanhante terapêutico deve gostar do paciente e gostar do que faz.
O que torna o trabalho do at um trabalho para poucos, pois é árduo e às vezes pouco reconhecido (“O que é mesmo que você faz?”), e necessita de criatividade e motivação.
Assim, parafraseando Lacan, “não é acompanhante terapêutico quem quer. Só é at quem pode”.
Autora: Cyntia Mesquita Beltrão – Psicóloga formada pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Especialista em Psicologia Jurídica pelo Unicentro Newton Paiva, Acompanhante Terapêutica formada pela Clínica Urgentemente e integrante da Séqüito: Equipe de Acompanhantes Terapêuticos.
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