Resumo: Estima-se que cerca de 700 milhões de pessoas no mundo são atingidas por transtornos mentais principalmente em decorrência da natureza crônica e incapacitante como nos casos dos transtornos depressivo, bipolares, por ansiedade, borderline, esquizofrenia entre outras doenças mentais existentes. O estereótipo associado aos doentes mentais é um dos mais importantes e difíceis obstáculos para a realização de uma intervenção terapêutica no processo preventivo, de recuperação e de reabilitação do indivíduo. Desta forma, o acompanhamento de um profissional terapêutico, é fundamental para que o indivíduo consiga de maneira mais eficaz e segura, realizar uma espécie de combate ao estigma criado em torno destas limitações mentais, sendo elas breves ou brandas, leves ou graves. Sendo assim, o acompanhante terapêutico (at) busca junto ao indivíduo uma forma de torná-lo independente, autônomo e com maiores oportunidades para que o mesmo venha usufruir com dignidade e plenitude da inserção social e de uma melhor qualidade de vida.
Palavras chave: Acompanhamento terapêutico; prevenção/tratamento; transtornos mentais.
Autora: Ana Paula Freitas da Silva, pedagoga, acompanhante terapêutica (at), formada no curso avançado “A Clínica do Acompanhamento Terapêutico” (Portal Dr).
Formulário de contato com a autora:
Formação Terapeuta | Desenvolvimento Pessoal | Clube Psicologia | Supervisão | Área AT
O Acompanhante Terapêutico no Processo de Prevenção e Tratamento de Transtornos Mentais: Acompanhamento Terapêutico
No processo de construção do desenvolvimento humano, muitas formas de organização pessoal foram pensadas e colocadas em prática, cada qual visando uma época, um contexto histórico, político, social e cultural onde uma determinada concepção de saúde mental foi sendo desmistificada.
Formação Terapeuta | Desenvolvimento Pessoal | Clube Psicologia | Supervisão | Área AT
A ideia de analisar as transformações que o ser humano vem sofrendo desde os primórdios do século XVII e a influência que os diferentes profissionais, mais especificamente os psiquiatras, psicólogos e o mais recente acompanhante terapêutico (at), exercem na aquisição de novos tratamentos junto aos pacientes com algum tipo de transtorno mental, vem valorizando a busca por promoção de saúde no processo de prevenção e tratamento aos indivíduos com a saúde mental debilitada, comprometida, sendo por transtornos de casos adquiridos pelo meio ou por fatores genéticos / hereditários.
Na série “13 Reasons Why”, Hanna, a principal personagem jovem dessa série americana, se suicida em consequência da depressão.
Pensar em um tratamento de promoção da saúde mental sem o auxílio de profissionais habilitados, comprometidos e engajados é afastar as chances de sucesso em um tratamento.
Freud pontua:
“Cada associação isolada, cada ato da pessoa em tratamento tem de levar em conta a resistência e representa uma conciliação entre as forças que estão lutando no sentido do restabelecimento e as que se lhe opõe, já descritas por mim”. (FREUD, 1912, p.115).
Sendo assim, as práticas manicomiais, que no passado eram vistas como único recurso para o tratamento de doentes mentais, foram atualmente, quase 100% abolidas, pois eram consideradas uma prática que pensava em tratar apenas loucos, indivíduos que deveriam permanecer a margem de uma sociedade por serem considerados perigosos.
Os manicômios e suas práticas, foram sendo substituídas por internações de pacientes em clínicas e hospitais comuns a todos e assim foram fazendo com que os “ditos” loucos, hoje sejam vistos como pacientes, indivíduos passíveis de tratamento e recuperáveis.
Em 1930, um psicanalista foi o primeiro a trazer o seu paciente do manicômio para realizar o tratamento em casa. E verificou, com essa experiência, que houve um progresso no tratamento ao realizá-lo em um ambiente considerado mais saudável.
Com a intenção de que surgissem mais ambientes a fim de promover a recuperação da saúde e não apenas de remediar o problema, em 1941 surgiu a clínica do Acompanhamento Terapêutico (AT) com a proposta de levar individualmente estratégias fixas para cada paciente.
Contra a lógica manicomial, o acompanhante terapêutico é visto como um profissional complementar ao tratamento de pacientes com necessidades e comprometimentos mentais, com uma proposta de realizar um acompanhamento ao doente em um espaço de maior abrangência e conforto.
O Acompanhamento Terapêutico é pensado como uma forma de terapia em locais que deixasse o paciente mais tranquilo, à vontade e que lhe dessa a impressão de estar também em um momento de lazer.
Mundialmente, cerca de 700 mil pessoas são atingidas por transtornos mentais e ainda assim são estereotipadas como loucas, mas o acompanhante terapêutico vem, não apenas para atender na recuperação de indivíduos em isolamento, mas também no tratamento e prevenção de transtornos como ansiedades, fobias, medos, compulsões, transtorno bipolar, borderline, esquizofrenia e tantos outros.
O Acompanhamento Terapêutico não vem substituir os atendimentos com os médicos psiquiatras ou psicólogos. Ele vem agregar aos atendimentos tradicionais uma visão mais peculiar e próxima de seu paciente conforme análise realizada em seus momentos de sessão de terapia.
O AT faz com que o doente tenha maiores chances de sucesso em seu tratamento, pois terá em seu terapeuta, um profissional preparado para conduzir uma prática a sua disposição em qualquer hora, local e baseado na realidade de mundo do paciente, na sua interação com o meio, nas possibilidades de progresso, na promoção da sua saúde mental e na valorização das competências de cada indivíduo a ser tratado.
Em decorrência disso, se faz necessário a divulgação do trabalho do AT nos consultórios médicos, psicológicos, escolas, postos de saúde bem como também através de informativos a respeito de sua importância na prevenção e tratamento de doenças mentais. Sendo assim, fora da ficção, pessoas com transtornos mentais (psicológicos/psiquiátricos) como os da “Hanna”, não precisarão ter o mesmo fim que ela e conseguirão ter um tratamento adequado com acesso à informação.
Referências Bibliográficas
- COSTA, J. F. Psicanálise e contexto cultural. Rio de Janeiro: Campus, 1986.
- FREUD, S. Recomendações aos médicos que exercem psicanálise. In: Coleção completa das obras de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1969. V. XII.
- SILVA, A. S. T. da. O Fazer Andarilho: O Acompanhante Terapêutico como um Agente Político. Primeiro Congresso Ibero-americano de Acompanhamento Terapêutico. Faculdade de Medicina, Universidade Nacional de Buenos Aires, 2003
- WINNICOTT, D. Tratamento em regime residencial para crianças difíceis. In: WINNICOTT, D. Privação e delinquência. São Paulo: Martins Fontes, 1947/1995.
- 13 Reasons Why. Série de televisão americana baseada no livro “Thirteen Reasons Why” de Jay Asher, adaptado por Brian Yorkey para a Netflix, transmitida a partir de 31 de março de 2017.
Tags:depressão, suicídio