Sobre o Concreto, a Céu Aberto, o Fora: Poder e Transgressão na Relação Psicanalítica
Uma das críticas mais contundentes de Foucault3 à psicanálise diz respeito ao que ele aponta como a criação genial de Freud: o fato de que este faria transferir as condições do tratamento moral próprio ao espaço do asilo para o interior do setting analítico, para o campo da relação estabelecida entre analista e analisante, onde o dispositivo transferencial não seria mais do que uma derivação do dispositivo do tratamento moral, ambos operando através da especularização como modo de retificação da imagem do louco sobre si mesmo. Em que pese tudo o que, enquanto psicanalistas, podemos dizer acerca do reducionismo dessa crítica, o seu fundamento, é bom lembrar, repousa sobre a filiação da psicanálise à vertente crítica da tradição sobre a loucura em oposição à sua vertente trágica, ou seja, a uma leitura da loucura como desrazão4. Se Freud vem resgatar uma tradição do Renascimento, restituindo à palavra do louco seu valor de verdade, isso, no entanto, seria feito ao preço de um assujeitamento do doente à figura do analista, o que situaria a psicanálise, não em ruptura, como gostamos de pensar, mas em continuidade com o saber psiquiátrico positivista do século XIX.
No trabalho como docente no curso de psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, há quatro anos venho conduzindo uma experiência de pesquisa e extensão de que participam os alunos, em torno do exercício da função de acompanhante terapêutico junto a usuários dos serviços de saúde mental da rede pública da cidade. A psicanálise é a referência teórica maior nessa experiência5. Mas o contexto em que ela se realiza permite pensar, com respeito à crítica de Foucault referida acima, que o acompanhamento terapêutico, ao dissolver o setting analítico no espaço aberto da cidade, opera um movimento contrário, transferindo a psicanálise para o fora que constitui a loucura, numa transgressão às normas e preceitos da razão. Dessa abertura para o fora, podemos observar os efeitos sobre o acompanhado, sobre a equipe do serviço que o atende, mas também, e é o foco de meu tema hoje, muito especialmente, sobre a figura do acompanhante.
O Programa de Acompanhamento Terapêutico é um projeto que se reedita anualmente, permitindo, a cada vez, o engajamento de cerca de dez alunos na experiência do acompanhamento terapêutico. Ao longo de um ano, semanalmente o grupo de acompanhantes terapêuticos reúne-se com a coordenação do programa, visando a realização de seminários teóricos e supervisão dos casos acompanhados. Esses encontros foram ganhando uma conformação própria, vindo a funcionar como lugar de ancoragem e continência ao desafio que representa a experiência de acompanhar loucos na cidade, fora do ambiente protegido dos serviços de saúde. Constituíram-se, assim, em espaço de confluência das múltiplas narrativas relativas ao material clínico de cada acompanhamento terapêutico, narrativas que se sobrepõem umas às outras, numa trama imbricada cujo ordenamento não obedece a nenhuma cronologia, mas segue as conexões que se vão produzindo à medida que o trabalho avança. Assim, o relato oral que o acompanhante faz é elaborado e interpretado em conjunto com seus pares e coordenadores, que, por sua vez, estabelecem sua própria narrativa acerca do que escutam do caso. Ou seja, o trabalho de pesquisa sustenta-se sobre um trajeto linguageiro que compreende um vai-e-vem constante entre as modalidades orais, escritas (ou mesmo visuais) da linguagem, um vai-e-vem entre diálogo e relato, história e ficção, ficção e teoria6.
Um dos recursos de que se fez uso, nesse processo, foi a produção de um vídeo, ao final do primeiro ano de funcionamento do projeto, onde cada um dos seis acompanhamentos então realizados foi representado por uma imagem e um som associados, tomando como base os relatos semanais que faziam os acompanhantes terapêuticos, numa certa referência à organização espacial e temporal, respectivamente, de cada um dos casos que foram objeto desse trabalho. A realização do vídeo, por sua vez, foi produtora de novas narrativas, orais e escritas, que, a seu turno, operavam a posteriori sobre os relatos já produzidos.
É esse vídeo que queremos tornar aqui objeto de indagação: qual a função que ele veio cumprir nesse conjunto de narrativas clínicas? Tomamos como ponto de partida para a formulação dessa questão a hipótese de que a realização do vídeo não foi um acontecimento fortuito e, sim, um evento necessário, inerente à dinâmica do trabalho que se realizava.
O acompanhamento terapêutico certamente pode ser descrito como uma clínica em ato, onde o setting é a cidade: a rua, a praça, a casa, o bar. Uma clínica onde a palavra, mas também o corpo, os gestos, as atitudes contam. Assim, os relatos feitos em supervisão freqüentemente evocavam, mais do que séries discursivas, encadeamento de ações, descrição de gestos e expressões, cenas, enredos. Nós éramos, ali, banhados em imagens. O vídeo, assim, poderia ser tomado simplesmente como um modo de dar expressão, visibilidade, a essas imagens. Mas sua produção se impôs a nós de uma maneira absoluta, imperiosa. Por quê?
Era novembro de 98, e eu assistia a uma apresentação do grupo Os relógios de Frederico, misto de música, poesia, teatro, slides, quando fui tomada, de modo inesperado, por sons e imagens associados aos casos que eu escutava em supervisão, sucedendo-se na mesma velocidade das imagens projetadas em slides do espetáculo a que eu assistia. Foi assim que surgiu a idéia do vídeo, para compor a apresentação do trabalho num evento próximo. Logo, todo o grupo engajou-se na realização da idéia, e, no espaço de duas semanas, com filmadora na mão, viramos roteiristas, cinegrafistas, cenógrafos, atores, completamente mergulhados na captação de cenas que dessem corpo ao que até então era apenas o exercício involuntário da imaginação. Em seguida, passamos a garimpar as músicas que pudessem se aproximar dos sons evocados junto com as imagens7. O vídeo pronto gerou o texto de minha narrativa no evento que, naquele momento, já estava bem perto de se realizar. É o que eu passo a apresentar a vocês: primeiro o vídeo; depois, sua narrativa8.
1. Júnior, 37 anos, vive encerrado, com sua mãe, em casa, quase sempre em sua cama, no quarto, olhar preso ao que mostra a tevê. Na sua casa não há relógios. O tempo se marca pelos ritmos biológicos, a batida do coração, o arfar da respiração, e pelo “plim plim” da tela da tevê. O acompanhamento foi solicitado com a intenção de trazer Júnior ao mundo, fora da concha materna, e reatar o vínculo com o serviço em que se atendia e ao qual deixou porque não queria ter médico e terapeuta ocupacional mas amigos. Laura, a acompanhante, por muitas manhãs assistiu Angélica na tevê com Júnior antes que ele pudesse olhá-la nos olhos, encetar uma conversa. Nunca saíram à rua. Apenas puderam chegar à sacada, observar o movimento e sonhar com o dia em que seria possível descer à calçada. Laura ouviu confissões de Júnior, sempre sob a vigilância pesada e aflita de sua mãe. Júnior pouco a pouco deixou que Laura fizesse parte de seu cenário. Vindo de outro estado, intitulou seus encontros com Laura de “manhãs gaúchas”, como um programa de tevê a que ele assistisse.
- Luciane estava prestes a ganhar nenê quando Paula iniciou o acompanhamento. Para ajudá-la a atravessar a maternidade sem crise, para que pudesse se construir como mãe. Ao folhear com Paula um livro sobre gravidez numa biblioteca pública, Luciane encantou-se com a foto de um feto aos nove meses de gestação, pronto para nascer: está inteirinho! falou. Riu quando Paula lhe disse que o seu bebê também estava inteirinho dentro da sua barriga. Na casa de Luciane, Paula precisou mostrar à sua mãe que Luciane era uma, una, inteira, fora dela. Paula fez função de terceiro numa relação a três gerações: ao gestar um bebê, Luciane refazia seu lugar de filha, pela intervenção de Paula junto à sua mãe.
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O acompanhamento de Luiz foi proposto a Ernesto como uma última tentativa de resgatá-lo de um processo de esquizofrenização cada vez mais grave. Na casa de Luiz, o pó se acumula sobre móveis amontoados. Sua família parece preferir vê-lo inerte como os objetos da casa. Luiz, às vezes, tenta escapar do desejo de morte que o habita, e que lhe é continuamente inoculado. Valendo-se da presença de Ernesto, sai às ruas para transgredir as proibições familiares: cachorro-quente, sorvete, vídeo-game, revista pornográfica, são objetos de um desejo furtivo, que não vigora. Logo a vontade esmorece e Luiz recolhe-se à sua cama, encolhe-se debaixo dos lençóis, evitando a presença viva de Ernesto. Mas, naquela morada de morte, Ernesto escuta o delírio de Luiz, os queixumes de sua avó. Dirige a palavra à sua mãe e escuta sua desesperança. Com gestos, com palavras, com gana, Ernesto agita o pó que cobre aquela casa, aqueles corpos, ainda que seja para, impotente, ver em seguida o pó novamente depositar-se quieto sobre as mesmas superfícies.
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Alessandra vive nas bordas. Às vezes literalmente, correndo riscos. Mariana, a acompanhante, funcionava como freio, espelho, continência, proteção. Era alvo, também, da sua agressão e impulsividade, que era a forma como Alessandra interagia com as pessoas à sua volta, impedindo o estabelecimento de qualquer relação mais duradoura. Mariana segurou a barra de Alessandra, que passou a ter nela alguém em quem confiar, alguém a quem confiar-se, sabendo-a capaz de sustentar os limites que não se estabeleciam em sua casa. Mas Mariana sabe que isso é pouco ainda, se, no tratamento de Alessandra, a família não estiver constantemente posta em questão.
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Apesar da deficiência mental, César circula com desenvoltura pelas ruas do centro da cidade, o que surpreendeu Eliane, sua acompanhante, chamada, justamente, para ajudá-lo a percorrer outros espaços que não os de tratamento. Logo emergem suas questões: nas andanças em meio à agitação de bancas de camelôs e pequenas lojas, César simula uma potência da qual não dispõe. Conversa com vendedores desconhecidos como se tratasse de velhos amigos, gasta qualquer trocado comprando, não importa o quê, importa poder pagar e receber. Atos que não se interrompem, numa repetição indefinida que necessita do limite do outro para cessar. Eliane precisou ser esse limite, às vezes físico, para César, e também para sua mãe, sem limite na sua infinita disponibilidade para atender todas as solicitações do filho.
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Entre os seis acompanhamentos realizados, Lúcia é um nome sem rosto, sem história, sem marcas. Diz de um vínculo que não chegou a se constituir, no grupo de pesquisa e entre acompanhante e acompanhada. Serve para se ter presente as dificuldades, os meandros desse trabalho, que exige, do acompanhante, lançar-se inteiro nele, entregar sua subjetividade e seu corpo à cena do outro, mas sabendo sair da cena no momento certo, refletindo sobre seu lugar na mesma. É preciso uma certa condição psíquica para poder cumprir com isso.
Os seis casos em estudo tiveram, portanto, cada um, sua representação através de uma imagem e um som: Júnior, a cama próxima à tevê ligada, num quarto fechado, som de coração batendo e arfar da respiração; Luciane, o feto em gestação, coração e respiração finalizando no choro que marca o nascimento; Luiz, um corpo revirando-se na cama, sobre os lençóis, acomodando-se na posição fetal, som metálico, desagradável, quase ruído; Alessandra, a beirada de um edifício, o movimento de lançar-se no vazio, um som que soa hipnótico; César, o comércio em movimento, sem ponto de parada, som de máquinas registradoras; Lúcia, um corpo sem rosto que passa, desfocado, sem nitidez, sem música. Na montagem do vídeo, porém, essas seis cenas, cuja significação encerrava-se, cada uma, em si mesma, vieram a constituir um roteiro, um enredo que, embora não programado, diz de algo que é peculiar ao trabalho de acompanhante terapêutico, constituindo um certo percurso, bastante freqüente, nesse trabalho.
Ocorre que o primeiro cenário do acompanhamento terapêutico é, muitas vezes, a casa, o quarto, a cama de alguém fechado em concha sobre si mesmo, embora, ao mesmo tempo, atravessado pelo discurso social de seu tempo, tomado pelos seus emblemas (a televisão é um exemplo; o comércio ambulante, talvez, outro). Essa concha reproduz o aconchego mortífero do ventre materno ao qual esse alguém parece manter-se umbilicalmente, imaginariamente, ligado, e a quem, portanto, é preciso propiciar um nascimento, ou seja, cortar o cordão, o que é experimentado com dor, com medo: a vontade é de retornar ao útero, à cama, ao quarto, pois a rua é vivida como risco, precipício ou vertigem, sem paragem, limite, descanso. Se o acompanhante não se der o tempo de penetrar nessa concha, experimentar seu estranho aconchego, desassossegar-se com seu vazio letal, ou se não for capaz de seguir seu acompanhado em vertigem pela rua até poder topar, em meio à parafernália urbana, com algo ao que ancorá-lo, ainda que por um momento apenas, se o acompanhante não for capaz de lançar-se nessa aventura, o trabalho não acontece, esse alguém passa, simplesmente, e nenhuma marca se deixa ficar, nem para um nem para outro, nem para acompanhante nem para acompanhado; nenhuma amarragem é feita com a vida da cidade, paisagem que se vislumbra ao final do vídeo, espaço aberto de um trabalho possível.
Quando, pela primeira vez, este vídeo foi levado a público, surgiu a pergunta sobre as razões da sua produção. A resposta que pudemos esboçar, então, apontava para a necessidade, no trabalho com psicóticos, de sustentar a sua produção discursiva sobre os objetos concretos e que essa necessidade transferira-se para o grupo, acossado por uma urgência em dar concretude a um trabalho que se desenvolvia na invisibilidade. Entendemos que, hoje, podemos ir um pouco além nessa resposta, levados pelo pensamento de Foucault.
Retomamos aqui nosso argumento inicial, o de que o alargamento do espaço de tratamento da loucura por meio do acompanhamento terapêutico pode conter, em potência, o reordenamento do dispositivo transferencial, não mais em continuidade ao dispositivo asilar do tratamento moral, mas, antes, na direção do fora a que aponta a loucura. Encontramos uma primeira evidência disso na freqüência com que as narrativas da parte dos acompanhantes referem-se à vivência de um descompasso no tempo e à necessidade de prescindir da sua organização temporal para poder acompanhar ora o frenesi ora a lentificação de uma temporalidade cujos parâmetros lhe escapam. Para que possa introduzir-se como presença empática na relação com o acompanhado, o acompanhante terapêutico deve ser capaz de uma certa abstinência daquilo que constitui os eixos básicos da constituição do seu eu – a organização espaço-temporal. Contudo, isso o lança no campo da experiência sensível, não representacional, no encontro estético dos corpos, fora do registro da palavra. Como fazer a travessia dessa experiência sem submergir na angústia que a mesma suscita? Como integrar, num registro positivo, vivências temporais múltiplas, díspares, fragmentadas, instaurando continuidades capazes de sustentar o trânsito entre o dentro e o fora, de modo que os intervalos, o vazio entre os espaços ou a sua amplidão encontrem a mediação de uma palavra que lhes desfaça a feição do horror?
Voltemos ao vídeo: é certo que a concretude do corpo e dos objetos que a sua película evidencia indica-nos algo próprio à clínica da psicose e dos estados limites, ou seja, a recorrência a suportes materiais, para além da palavra, como continentes das suas operações. Mas, se prestarmos atenção ao modo como se realizou a gravação dessa fita, perceberemos que não é outro corpo senão o do acompanhante que ela põe em questão – um corpo que, dado o dispositivo metodológico da pesquisa, ganhou novos contornos, incluindo o grupo de acompanhantes terapêuticos e sua coordenação. Pois é esse corpo que se põe em cena, que vive na carne (sensitiva, motora) a experiência que pretende transmitir, que já não é mais a do outro, mas a do seu encontro.
Assim, com Júnior, estivemos encerrados num quarto, sem medida de tempo, olhar fixo na televisão; com Luciane, gestamos (e deixamos de gestar9) uma criança; com Luiz, refugiamo-nos numa cama, enrodilhados no lençol; com Alessandra, corremos riscos à beira de um precipício; com César, passeamos em vertigem por bancas de camelô em véspera de natal; com Lúcia ausente, fizemo-nos ausentes, anônimos entre passantes, para, ao longe, redescobrir a cidade.
Pensamos que a experiência intensiva que assim viu-se possibilitada de modo compartilhado pelo grupo significava o esforço de apreensão corpórea daquilo que se fazia inapreensível ao pensamento na iminência da desrazão. A ancoragem no corpo permitia que o vivido no acompanhamento terapêutico se fizesse matéria de elaboração teórica.
Contudo, retornando ao diálogo com a crítica foucaultiana, nos percursos em que se lançam acompanhante e acompanhado, desenham-se os elementos que, longe de serem específicos desse trabalho, entendemos como o alicerce mesmo da clínica psicanalítica, naquilo que ela pode conter de potência criadora e produtora de novos sentidos (em ruptura, portanto, com sua dimensão asilar). Abrir-se para o novo, seguir fluxos alheios, ser afetado por, desinvestir o narcisismo, suportar a ignorância para não precipitar um saber que aliena, são vivências que se impõem ao acompanhante no encontro cotidiano com seu acompanhado. Na medida em que essas vivências encontram expressão no espaço de supervisão, sustentando-se desde a continência grupal e intensiva e a amarragem teórica que esse espaço possibilita, elas transformam-se em experiência clínica fundante, que investe de forma produtiva as inserções futuras do acompanhante no campo da prática clínica, de modo geral, e, mais particularmente, no campo psicanalítico.
Não pretendemos esgotar aqui todas as inflexões que esse pequeno recorte produzido no contexto de uma experiência clínica nova possibilita explorar. Apenas assinalemos a riqueza do campo que aí se abre, do qual é nossa responsabilidade extrair as conseqüências teóricas, no esforço continuado de reatualização do caráter subversivo e criador do saber psicanalítico.
Notas:
1 – Fonte: http://www.psicologia.ufrgs.br/pat/
2 – E-mail: [email protected]
3 – FOUCAULT, Michel. História da loucura (1972). São Paulo: Perspectiva, 1978.
4 – Cf. BIRMAN, Joel. Entre cuidado e saber de si: sobre Foucault e a psicanálise. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2000.
5 – Subtraída de um pensamento clínico, de um pensamento que leva em conta o sujeito psíquico implicado na estruturação e nas manifestações de uma psicose ou neurose grave, a função do acompanhante terapêutico – conduzindo ou acompanhando o usuário do serviço na realização de algumas ações e percursos de que ele não é capaz de ocupar-se sozinho – corre o risco de se impor unicamente como uma ortopedia para esse sujeito, com riscos mais ou menos iatrogênicos, variáveis de acordo com a sensibilidade e condição psíquica peculiar à pessoa do acompanhante.
6 – Cf. RUDELIC-FERNANDEZ, Dana. “Langage du cas: modèles et modalités” in: VILLA, François & FEDIDA, Pierre (org). Le cas en controverse. Paris: P.U.F., 1999, p.29-42. Ver também, do mesmo volume, os artigos de Max Kohn (“Acte narratif et cas”) e Catherine Cyssau (“Fonctions théoriques du cas clinique. De la construction singulière à l’exemple sériel”).
7 – Nesse garimpo sonoro, contamos com a grata e imprescindível ajuda de Mateus Mapa, de Os Relógios de Frederico.
8 – Os nomes dos acompanhados, no texto que segue, são fictícios. A narrativa encontra-se incluída no artigo de minha autoria, “O louco e a rua: a clínica em movimento mais além das fronteiras institucionais” in: Revista Educação Subjetividade & Poder, n. 6, agosto, 1999. Publicação do Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Vale reiterar aqui os agradecimentos muito especiais a Simone Goulart Kasper, pela colaboração na coordenação do trabalho, e ao grupo de acompanhantes terapêuticos então envolvidos no projeto: Eliane Rivero Jover, Ernesto Pacheco Richter, Laura Lamas Martins Gonçalves, Mariana Boccuzzi Raymundo e Paula Sandrine Machado.
9 – Na montagem dessa cena, fizemos uso da gravação de uma ecografia; acidentalmente, um dos integrantes do grupo inutilizou uma parte dessa gravação e, no seu mal-estar, era como se tivesse atingido o feto mesmo em gestação.
Autora: Analice de Lima Palombini – Professora do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia do Instituto de Psicologia da UFRGS, mestre em Filosofia pela mesma Universidade, membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre. E-mail: [email protected]
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